Súplica

Não procuro encontrar o que perdi,

tanto tempo andando em cordas bambas,

atirando no escuro como um morcego,

cego à luz do dia na escuridão de mim mesmo...

Olhando para os vidros quebrados no chão,

tentando disfarçar minha indiferença ao sangue,

desfeito de esperanças e vontades idealistas,

sentindo a apreensão de quem espera uma reação...

Esqueço meu próprio nome para não lembrar o passado,

reinvento uma trajetória desconhecida para ser uma segunda pele,

dramatizo uma experiência nunca vivenciada no tempo e espaço,

me alimentando de um cinismo melancólico de uma paranóia...

Não deveria ser assim, se você atendesse ao telefone,

tudo poderia ganhar uma cor diferente e um novo perfume,

seu silêncio corta em tiras o que sobrou de minh'alma,

por isso minha sobrevivência é esse falso escudo de frieza...

Porque não pára de me ignorar e enxuga minhas lágrimas?

Porque tanta resistência em aceitar minhas desculpas?

Todos erram nessa vida de caos e desencontros mil,

tanto tempo esvaindo-se como areia no vento do deserto...

Se o amor é o elixir curativo de todos os males, prove dele!

me dê suas mãos e diga que terei pelo menos mais uma chance,

melhor não filar respostas em manuais de amor inexistentes,

apenas deixe seu coração sentir e guiar seus passos de volta...