Reciprocidade
O silencio reverbera nas paredes vazias.
Resquícios do teu cheiro eu guardo na lembrança.
Era evidente que nossa união não te desaprazia,
E em mim depositava toda a sua destemperança.
Não quis dar espaço para a esperança.
Não quis dar espaço para o meu amor.
Não quis dar tempo para uma mudança,
Mas não hesitou em dar início a minha dor.
Da rua, percebi as luzes de casa, apagadas
Me dei conta que isto não era habitual.
Rumores de que saíste empolgada!
Um outro apareceu em horário pontual.
No trabalho, algo estranho eu pressentia,
E em nenhum momento fiz a ligação.
Os colegas notaram minha apatia,
Mas não fizeram nenhuma menção.
O dia transcorreu nebuloso.
Um nó na garganta se instalou,
E com o coração osciloso,
Meu triste dia findou.
Fez as malas e foi embora,
Sem nenhuma palavra dizer.
Saiu da minha vida porta afora,
Sem pensar no meu sofrer.
Foi em busca de aventura,
Ou talvez da tal felicidade.
Sendo assim me vem a conjectura:
_Você não agiu por maldade.
São coisas do coração...
E que enfim, ninguém é de ninguém.
O amor não se mantém por “escravidão”
E convenhamos, coisa dessa não convém;
Mas eu almejo um amor infinito,
Um amor para vida inteira!
Pode até soar esquisito,
Ou para alguns, isso é besteira.
Eu não sei viver sozinho.
Não quero viver amargurado.
Não gosto do desalinho.
Eu quero estar “enclausurado”.
Desejo pertencer a alguém.
Quero me dedicar com primor.
Se não for assim, não convém
Ainda quero dar e receber amor.