Sim assim
O sapato, a meia, a porta
A fechadura estava torta
No cabide, a calça e a luva
Caem tortos os pingos da chuva
E na rua, uma esquina que tropeça
Onde vai, pra cidade, essa peça?
Mas a brisa já me olha coelhinha
Rabiscando, rabiola, de mansinha
E meu olho olha sempre pra novela
Na tv, que me sufoca Gabriela
Então saio, todo dia, sem um rumo
Seu vestido rodeando, me consumo
E não vejo onde pára a minha sina
Namorar, de manhãzinha, essa menina
Pra brincar, onde nasce o sol poente
E o destino já de molho com a gente
Da laranja, a metade é toda minha
E metade, sempre dorme coladinha
Meu inteiro tem um mundo que é cigano
Embebido no seu corpo, os meus panos
E meus óculos só enxergam seu amor
Sou travesso, sou seu sonho, doador
E o endereço é o mesmo da canção :
"Atrás da porta, tem um fusca e um violão"
E a porta , aqui dentro , está aberta
E na porta está escrito : eu sou poeta!