Lágrimas que vazam de mim nunca corroem

Constroem, em minha face, frondosa armadura

Se guardadas ficam, num pântano me vejo

Mas se as solto, ao mar eu velejo

 

Ter medo de se sentir é desafio diário

Pois como onda frondosa, por vezes, capoto em mim mesmo

Então prefiro,de quando em vez, sequer acordar

E, no leito, repousar amargura

 

Como é penoso ser viril, e não saber gozar

Já que, deste naufrágio, já vesti de tudo, menos da própria cerne

Simplesmente pelo receio do que ela iria causar-me

E agora causa, logo na alvorada, um entalhe perfeito

 

Portanto, se água salgada percorre meu mirante

É porque me permiti mergulhar

Muito embora, sequer, eu saiba nadar

Aforgar-me-ei, pois, sem me açoitar

 

 

 

CRISTIANO WARDIL
Enviado por CRISTIANO WARDIL em 10/08/2023
Código do texto: T7857982
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.