Quebra-cabeças
Está difícil respirar, eu sei
Parece impossível continuar, eu sei
Um quebra-cabeças incompleto, eu sei
Sorrisos forçados de dramas turcos na TV, eu sei
Sonhos se desfazendo em mil pedaços,
Cacos espalhados pelo concreto,
Estou sangrando por veias desconhecidas,
Me cortando por vontade própria,
Me punindo por más decisões,
Porque sempre há uma escolha,
Nada é somente preto ou branco,
Entre lógica e emoção, derrota no placar,
Quando discursos são apenas palavras,
Alma e corpo na equivalência social,
Pressionando a balança da história em seu peso,
Os campos verdejantes escondem seus espinhos,
Enquanto o pintor traceja com sua paleta de tons,
Mas e quando as cores desaparecem?
E quando nós sumimos em nós mesmos?
Vivemos escondidos como fantasmas,
Esperando pela salvação que jamais chega,
Estendendo a mão para o céu em busca de uma oração,
De perdão e redenção esquecidos,
Diplomas rasgados pelo caminho,
Títulos e prêmios sem significado,
Geografias tortuosas no desrumo sem prumo,
Os dias passam no calendário da vida,
Pouco faz sentido senão no piloto automático,
Um coração partido, nunca para de doer,
Talvez se eu tivesse tentado mais,
Me esquivar de caminhos perigosos,
Acreditar que haveria sol depois da noite escura,
Mas as portas estão se fechando,
O cronômetro está quase zerando,
E estamos aqui fazendo perguntas,
Aquelas incômodas e dolorosas,
Aquelas para as quais já temos as respostas,
Aquelas que nos fazem revirar os olhos,
Aquelas que nos tornam surdos aos clamores da multidão,
Aquelas que morrem no silêncio da mudez cotidiana...
*Always and Forever