O sabiá não sabe o que é liberdade
A poesia que eu tinha em mim a perdi.
Os versos escoaram no retorno das ondas,
e atracou calada no fundo do mar.
As bolhas que surgem no topo do oceano
são minhas rimas afogadas, tentando existir.
E os livres pássaros que ali mergulham,
furando o espelho d’água por fome,
retornam ao céus,
e, no mais belo cantar dos bem-te-vis,
ecoará minha melhor estrofe,
que compus para você.
Pena você não ouvir,
pois prefere o Sabiá engaiolado,
que repete sem vida
os versos vazios
que seus ouvidos
estão acostumados a tinir.
Mas eu não te culpo.
O Sabiá não sabe o que é liberdade.
Como posso, pois, esperar de você,
um mergulho profundo,
se seu coração
bate enjaulado.