O sabiá não sabe o que é liberdade

A poesia que eu tinha em mim a perdi.

Os versos escoaram no retorno das ondas,

e atracou calada no fundo do mar.

As bolhas que surgem no topo do oceano

são minhas rimas afogadas, tentando existir.

E os livres pássaros que ali mergulham,

furando o espelho d’água por fome,

retornam ao céus,

e, no mais belo cantar dos bem-te-vis,

ecoará minha melhor estrofe,

que compus para você.

Pena você não ouvir,

pois prefere o Sabiá engaiolado,

que repete sem vida

os versos vazios

que seus ouvidos

estão acostumados a tinir.

Mas eu não te culpo.

O Sabiá não sabe o que é liberdade.

Como posso, pois, esperar de você,

um mergulho profundo,

se seu coração

bate enjaulado.

 

 

CRISTIANO WARDIL
Enviado por CRISTIANO WARDIL em 02/08/2023
Código do texto: T7851964
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