Complacente

E quando ele te tocar

Repare como é tão mundano

Um abraço sem laço que falta entrelaço

O beijo sorrateiro

Sem gosto e ligeiro.

 

E quando por ti

Ele declamar

Se abrir e enganar

Como quem diz a ti

Os mesmos verbos ditos aqui e ali

 

Por dizeres tu

Que sois demasiadamente inteiro

Por creres tu

Que sois sutilmente ideal

Por afirmares tu

Que sois ordinariamente banal

 

É que digo pra ti:

 

Não te culpes pela covardia

Nem tampouco por seres tu tão passional

 

Quando tudo fora real

O que tu me dissestes

Fora, impiedosamente,

 

Nada!

 

E agora que estas

Livremente disponível

Por teres tu

Quebrado a cara

E vindo

A curtos passos

A mim

Dizer o não dito

Escancarar teu desejo

E suplicar meu querer

 

É que digo

Eu estou opaco

Imune

Refratário

Surdo

Cego

Mudo

E...

Inexoravelmente complacente

A

Simplesmente

Ama-la

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CRISTIANO WARDIL
Enviado por CRISTIANO WARDIL em 25/07/2023
Reeditado em 25/07/2023
Código do texto: T7845973
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