RASCUNHO DO CORAÇÃO

Nos dias tento acalmar

Domar um peito latente

Em brancas noites avistar

Outra manhã impaciente.

Tão frio e magoado ar

Petrifica dolorosas horas

E um amargo aceno a denegar

Calar o íntimo que implora.

Não é, não foi, nunca será

Mero alimento da vaidade

Esse corte fino vai sangrar

É a testemunha da saudade.

Compreender e deixar estar

É um exercício duma empatia

Que morre e vive a remontar

O seu mosaico da alegria.

Fazer-se forte, talvez chorar

Nem é tolice nem apelação

E escrever e depois apagar

É um rascunho do coração.