Paradoxo da insensatez.

Flores errantes, ventos fugazes

Dores incessantes, conflitos vorazes

Amores? Singular, o eu iluminado

Vício débil e tosco

Sentimento mal formado

Hora claro, hora fosco

Que afugenta a força e a noção

Destroça a mente e até coração

O amor é divino

Como o celeste egoísmo

Jamais entende um não

Saturado de cinismo

Finge até esquecer o perdão

Obscurecendo-se nesciamente

Quando surge a traição

Tão forte faz pulsar o sangue

Que por ele matamos e erramos

Majorado medo

Paralisa-nos diante quem amamos

Em sua doce aspereza

Nos aprisiona e faz crer

Que tamanha sua presteza

Incorporar-se-á ao ser

Anseio finito

Que busca e finge o infinito

Drama humano

Sentimento desumano

Amores e amarguras

Sonhos e saudades

Pretéritas fortunas

Presentes calamidades

Alegrias a devir

Nunca por aqui

Quiçá nem precisássemos de amor

Suspiramos em sua ausência

Sofremos com sua presença

Perverso! Inefável rancor

Real irrealidade

Fausto tormento

Haveria felicidade

Sem conhecermos sofrimento?

Amor e ódio?

Não! Amar é ódio.

A angústia de moldar o amado

Impossibilidade sã, desejo inacabado

Frustrante tentativa de evitar

O amor é o medo de não amar.

Dionísio niilista
Enviado por Dionísio niilista em 19/12/2007
Reeditado em 19/12/2007
Código do texto: T784054