Paradoxo da insensatez.
Flores errantes, ventos fugazes
Dores incessantes, conflitos vorazes
Amores? Singular, o eu iluminado
Vício débil e tosco
Sentimento mal formado
Hora claro, hora fosco
Que afugenta a força e a noção
Destroça a mente e até coração
O amor é divino
Como o celeste egoísmo
Jamais entende um não
Saturado de cinismo
Finge até esquecer o perdão
Obscurecendo-se nesciamente
Quando surge a traição
Tão forte faz pulsar o sangue
Que por ele matamos e erramos
Majorado medo
Paralisa-nos diante quem amamos
Em sua doce aspereza
Nos aprisiona e faz crer
Que tamanha sua presteza
Incorporar-se-á ao ser
Anseio finito
Que busca e finge o infinito
Drama humano
Sentimento desumano
Amores e amarguras
Sonhos e saudades
Pretéritas fortunas
Presentes calamidades
Alegrias a devir
Nunca por aqui
Quiçá nem precisássemos de amor
Suspiramos em sua ausência
Sofremos com sua presença
Perverso! Inefável rancor
Real irrealidade
Fausto tormento
Haveria felicidade
Sem conhecermos sofrimento?
Amor e ódio?
Não! Amar é ódio.
A angústia de moldar o amado
Impossibilidade sã, desejo inacabado
Frustrante tentativa de evitar
O amor é o medo de não amar.