Um Amor de Verdade

Eu exalto o meu instante

sobre a morte e sobre a vida

fera que se instala na alma

irmanada na dor de uma ferida

pois meu cerne é um barco a deriva

E não haverá em meus braços

plácidos traços do fim que espero

para meus dias de plantar flores

e todas as dores que invadem o ar

que respiro é o cheiro passageiro

de tantos amores.

Foi sempre por amar,

e amar como a me perder no vazio

de esquecer-me do resto e ser esquecido

e sempre sair ferido

a remexer magoas em noites de lua

andando a esmo nas ruas até cair

em algum beco escuro e frio

Invento madrugadas de inverno que me

fazem tremer os dentes, olhos marejados

por luzes e procurando um novo firmamento

uma nova manhã de luz, quiçá um novo amor,

uma nova dor, para passar o tempo

e sorrir novamente.