FANTASIA

Ouvindo um bolero, lembrei de você,
daquela semana passada na praia.
Dos nossos passeios na luz que desmaia,
ao rumor das ondas, decerto porque,
da janela grande daquele ateliê,
-tão perto ele estava- que ouvia-se (o mar)
com seu vai e vem, a canção entoar...
De nós abraçados, em frente à janela,
ouvindo um bolero, a canção tão singela:
os olhos nos olhos e o cheiro do mar.

E tal era a força daquele momento,
(os beijos e afagos geravam calor)
tornando impossível a ausência supor,
nos corpos unidos, de um só sentimento.
O bolero traz essa imagem que eu tento
no meu coração, com vigor aclarar,
tornar mais real essa tela sem par.
E doce era a dança que nós dois dançamos,
bem perto de nós, os lilases, seus ramos,
naquele terraço na beira do mar.