Separação

De repente as fotos do casal somem das redes sociais.

Aqueles sorrisos de companhia feliz não estão mais

à disposição dos invejosos, dos admiradores.

Você olha e agora tem um vazio. Há um homem solitário

e noutra página, uma mulher sozinha.

De repente não há mais romance, o ciúme sumiu.

O coração que batia acelerado, rítmico tal qual bateria

de escola de samba, perde a cadência.

O brilho nos olhos se perdeu na opacidade

do rito de desapaixonar.

O amor, lindo amor, perde forma, a química

se desfez e já não ativa mais a dopamina, feniletilamina

e muito menos a ocitocina.

Agora é só um coração vazio de um homem só.

Agora é só um coração vazio de uma mulher só.

E tudo fica distante. Os filhos, a casa, a roupa

o jeito de dar bom dia. Tudo morre um pouco em vida.

Mesmo que se tente a felicidade em outros braços,

percebe-se um certo luto, um dessabor.

Separar o que foi bom é morrer um pouco.

O luto vem até de quem não vive a história.

Pode-se dizer, por línguas e olhares alheios,

que aquele homem e aquela mulher, agora,

separados estão felizes. Será?

Veja o olhar, sinta a tristeza e o vazio.

Note-se que choraram, cada um no seu canto.

E para reviver, só o tempo, sim, só o tempo,

cruel, implacável, bondoso, que arrasta todo

ser vivo apenas assistindo tudo, e tudo e nada

fazendo. Até que um novo amor, um novo colo,

reacenda a chama, que salva aquele homem só,

aquela mulher só. Ainda assim, o que marcou

para sempre ficou no coração de quem amou.

Marcos Filho Escritor
Enviado por Marcos Filho Escritor em 15/07/2023
Código do texto: T7837478
Classificação de conteúdo: seguro