Aglutinação da carne

Quando nos beijamos

A carne dos nossos lábios

Se desfia, se desfaz

Fios se abraçam e deitam

Uns sobre os outros

O calor do momento

Cauteriza,liga e combina

O resultado final

Não pode ser distinguido entre

Meu e seu

Estamos ligados para dar continuidade

A este ato que não têm

Data de validade

Compartilhamos o ar

Que nos mantém vivos

Mantém nossos corações batendo

E trocamos pedaços gasosos íntimos

Que nos fazer sermos nós mesmos

Nos aproximamos, nos combinamos

Passamos a cheirar os mesmos odores

E a ver as mesmas coisas

Vimos cada um dos nossos atos passados

Os lindos que sempre lembramos

Os feios que tentamos esquecer

O futuro que almejamos

E os medos que nos assombram

Pele, músculo, osso, vísceras

O que é meu é nosso

E o que é seu é nosso

Somente nosso

Nossas cabeças se uniram

Em um cérebro

Uma metade para cada um

E uma metade de cada, aglutinada

Nos beijamos em carne

E em fluxo de dopamina

Nos ligamos em um ato

Sem previsão de fim

Viramos um corpo

Uma cabeça, um coração

Uma carne

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 10/07/2023
Código do texto: T7833461
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