Aglutinação da carne
Quando nos beijamos
A carne dos nossos lábios
Se desfia, se desfaz
Fios se abraçam e deitam
Uns sobre os outros
O calor do momento
Cauteriza,liga e combina
O resultado final
Não pode ser distinguido entre
Meu e seu
Estamos ligados para dar continuidade
A este ato que não têm
Data de validade
Compartilhamos o ar
Que nos mantém vivos
Mantém nossos corações batendo
E trocamos pedaços gasosos íntimos
Que nos fazer sermos nós mesmos
Nos aproximamos, nos combinamos
Passamos a cheirar os mesmos odores
E a ver as mesmas coisas
Vimos cada um dos nossos atos passados
Os lindos que sempre lembramos
Os feios que tentamos esquecer
O futuro que almejamos
E os medos que nos assombram
Pele, músculo, osso, vísceras
O que é meu é nosso
E o que é seu é nosso
Somente nosso
Nossas cabeças se uniram
Em um cérebro
Uma metade para cada um
E uma metade de cada, aglutinada
Nos beijamos em carne
E em fluxo de dopamina
Nos ligamos em um ato
Sem previsão de fim
Viramos um corpo
Uma cabeça, um coração
Uma carne