Não tenho
Não tenho você
porque declarei demasiadamente tua falta
procurando, nas palavras, o ouro da tua lembrança.
E você, indiferente,
não interagiu com o sabor do que foi dito
e sumiu sem desaparecer
Eu vi os dois lados de sua ausência;
o que permaneceu, sem estar e
o que fugiu, permanecendo
e a tristeza de tudo isso me congela os ossos
trazendo choro para minhas noites embotadas.
Eu me acostumarei com a tua falta
lembrando-me todos os dias
até que tu esqueças e possamos ficar, finalmente,
iguais
pois, quando eu dormir
inundará meus sonhos de vermelho
o preenchimento das palavras,
que é o desejo óbvio de um afeto triste
aninhando-se no meu peito
quando, juntos, tivermos combinados, sem acordo
a univocidade unilateral do amor.
Então dorme porque o sonho
é a véspera do eterno
onde nenhuma dor mais
alcançará o coração do poeta.