OÁSIS
Descobri, escondido em mim, um intenso deserto.
Pois quando se esvai a certeza que trago no peito,
A solidão, tão gélida, é tristeza que arde como fogo!
Dias incertos… noites sem rumo… latente perigo!
Avança a terra árida e seca a soterrar,
Veloz, implacável, o doce e misterioso lago,
Profundo, calmo, antes capaz de ocultar
As feridas mudas que há muito carrego.
Resisto, agora, à sina deste sol inclemente.
Largo fardo que, sem você por perto, emergiu.
Decerto, a fluidez se condensou; e a saudade,
Dura como concreto, então logo se precipitou.
Nem sequer sabia do tamanho desse vazio.
Nem mesmo suspeitava desse silêncio arredio.
Daquele oásis fictício, restou certo orgulho ferido!
Seria, da escassez interior, um encoberto resquício?
Grato, confesso: não descobri - fui revelado!
Sim. A solidez tem andado comigo lado a lado.
O espelho d'alma era mera miragem, não nego!
Antes, te peço: além das águas, lapida meu ego!
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