CANGAÇO - ESPINHOS
No peito uma angústia incurável
Num escudo feito de rosas e espinhos dos cactos
Os rios sedentos sob o sereno de uma fé
Os olhos ardendo no vislumbre do meio dia
O barro duro combinando com o bolso
Uma liberdade impagável, mas cara
O vento levando o bando para onde a injustiça não dá trégua
O brilho da lua iluminando o cangaço e sua régua
A sabedoria de uma gente
Que por hora incoerente
Fez morada pelo mundo
Quantos sertões foram atingidos
Quantos corações enfurecidos
A canga boa foi posta
A beleza indescritível
De um sertão mal concebido
De uma história contada em partes
Pelos olhos de quem vê arte
Seja aqui, ali, em qualquer parte
No medo, na coragem, no pudor e despudor
Brilhou um Lampião
Entre aplausos e caôs
Sobre sol e amor
Viveu e morreu por seu sertão