Pouso em teu peito
Penso que, hoje, especificamente,
eu esteja acima da linha de flutuação...
A surpresa do inesperado ainda impacta
sobre o espírito pérgulo de inquisições interiores.
Talvez a espera que se fazia por descambos
e descarrilhamentos desgovernados
rolando montanha abaixo
ainda não se desvencilhou totalmente da alma.
Cheguei pisando medo, sondando o terreno,
imaginando, a qualquer momento, ficar sem chão.
E então o mundo me trouxe um céu azul,
ao invés de nuvens tempestuosas.
E dentro de mim a mesma pergunta
navegou mares silenciosos, mas gritantes:
por que não deixar que as coisas flutuem nas ondas que vêm?
Se forem trombas gigantes eu também sei navegar.
Seguro firme o leme e sigo, capitaneando vida ao meu redor.
Isso me acalmou o espírito conturbado...
Desarmou todas as espadas e arpões
voltados para abater -
asas que ousassem voar em minha direção -
ao primeiro trovão...
Me permiti ouvir, olhar... mesmo sem ver...
nada enxerguei, mas que importa?
Vi uma montanha balbuciando que precisa
de uma singela flor em sua janela,
em seu espaço, em seu território de luz.
Me senti acolhida depois de tempos de angústias e medos.
De fato, não custa costurar perdão.
Sua entrega é só o gesto
que o sucede há tempos remotos.
Ele sempre esteve lá...
Como o abraço recebido e o não dado.
A timidez intrépida arrepiando a pele de desejos.
Como o sentimento que fez sair da boca,
silenciosamente, para pousar em teu peito,
calado e querido, o meu coração...
Eu te amo tanto, tanto:
Eu também te amo!