Minhas Metáforas
Se podes perguntar de onde venho?
Venho de jornadas interiores,
de mergulhos no denso
e profundo da alma em libação.
Trago as asas rotas como tu
e o sangue vivo dos tão longos voos
salpicando minhas brancas penas.
Também o limpo pacientemente
de minhas asas fatigadas e fustigadas...
Que posso dizer?
Se um pássaro canoro, pássaro-rei
trava guerras interiores para se decidir
entre uma flor que adorna e outra que alça...
que deve esta pequena e triste ave fazer?
Desistir de seus voos de buscas?
Continuar a vida a partir de um ponto final?
Limpar, pacientemente,
as asas fustigadas pelos silêncios,
fatigadas pelo esquecimento
e exaustas de tanto tentar
calar um beijo de amor num ombro que foge?
Se podes pousar ao meu lado ainda que escuro?
Sim, quem sabe, em meu cansaço e solidão,
seja o que eu preciso, o que me falta!... seu pouso de luz.
Talvez, talvez consigas ouvir minha linguagem
(pode ser seja uma das que sabes),
escutar a minha voz que ninguém ouve,
decifrar minhas metáforas
e compreender meu triste
e incompreensível cântico de dor e amor...