A OUTRA VOLTA DO PARAFUSO
A OUTRA VOLTA DO PARAFUSO
Minha amada vice esse seu poder
Poder de ser amada, rica de mim
Querida, esse querer, querida
Por mim, pela voz do coração
Chamando pelo astral, por mim
Estavas tão sozinha querendo sim
A companhia de quem, de mim.
Eu ainda não parti, estou aqui
Sabendo o que eu sei de mim
Queria estar contigo e saber
Mais do que sei de ti. Sim, sei
Que queres estar comigo, como
Fazer ser isto possível: fazê-la
Chegar até aqui. Vencer o véu
O véu hialino que a sua alma
Guarda e acalma. Sei, a matéria
Lhe falta, e se exaspera por mim
Sinto saudade de teus olhos
De teus sonhos desse teu ser
Inalcançável. Esse querer invade
Por saber intangível. Sozinho
Sim, também estou. Abro os
Olhos e sonho vê-la, mas sei, sei
Sei que não estás aqui, dimensão
Alheia a meus braços. Ouço, sigo
A melodia e estendo inútil abraço
A ansiedade de estar nesse lugar
Insone, mas não chego até lá
As mãos ferem o ar em direção
À dimensão onde por certo estás
Não posso pegar sua mão nesse
Lugar inalcançável nessa dimensão
Entre um e outro tempo onde vivem
Os seres entre dois mistérios
Que separam os fusos horários.
(P.S: Por que outro motivo seríamos obrigados a engolir um título tão esquisito como "A Volta do Parafuso", na verdade uma antiga tradução literal de "The Turn of the Screw". Em inglês, a expressão tem sentido. Significa um grau de pressão ou crueldade empregadas numa situação já difícil de suportar. A outra volta do parafuso conta a história da jovem filha de um pároco que, iniciando-se na carreira de professora, aceita mudar-se para a propriedade de Bly, em Essex, arredores de Londres. Data da primeira publicação: 27 de janeiro de 1898. Autor: Henry James. Gêneros: Ficção, História de fantasma).