Astro-Rei
Ruptura de paixão,
Facilmente se suporta,
Mesmo que derrube no chão,
Não acerta, em cheio, a aorta
Ruptura de amor
Essa sim é fatal
Só de falar já dá pavor
Pois desliga o suporte vital
Por mais que a paixão incendeia,
Só o amor ilumina o caminho,
Tem o poder de arrancar o espinho
E no final, sempre triunfa e permeia
A ameaça da paixão,
Sempre te assalta com a arma na mão
Mas o amor não ameaça: de fato, arrasa
Duvidar dele não é coisa que se faça
A paixão parece boa condutora
Mas é o amor que carrega o desfibrilador
Ordena o coração a bater apesar da dor
Soberano chefe da coordenação motora
Agora te pergunto:
A ressureição era mesmo milagre,
A ponto de reanimar defunto
E não ter santo que não consagre?
A paixão é o canto da sereia
Mas o amor é o brilho da lua cheia
Cale-se, não insista, não discuta
Quem você pensa que vence a luta?
Paixão, quando atinge, é cataclisma,
Mas amor, quando rompe, é aneurisma
Uma é a luxúria da inocência perdida,
Já o outro é o fruto da árvore da vida
No calor do corpo, a paixão se deleita
O pecado original, sempre enfeita
Já o amor irradia sem permitir desfeita
Ao contrário da outra, é raio ultravioleta
Paixão é o brilho das estrelas no olhar,
Que faz entrar na chuva para se molhar
Enquanto o amor te abriga da tempestade,
Cessando os trovões com sua autoridade
É de fato essa entidade dita amor
Que comanda até a órbita dos astros
Irradia luz com fervor,
Traduzida na linguagem dos abraços
É o regente da sinfonia,
O embalo por trás do verso,
Traz ao mundo o que há de magia
O astro-rei do divino universo