ARTE DOS SENTIDOS
Você me avisou que não gostava de arte
Pensei ser piada, mas de todas as suas palavras
Entre as faltas dos seus signos
Foi a única frase que significava, e eu, ignorava
Eu sou um quadro, amor
E você, você nunca viu arte
Seus olhos não sabem me ver
Até que me olhou, jamais me contemplou
Com um órgão da visão tão criança, foi incapaz de me enxergar
É, você tem pressa, perdeu tantos detalhes,
Correu no museu do meu ser, concluiu-me como um simples borrão
Não há culpa, é o que está acostumada a ter, não podia me entender
Que pena, contentou-se com um fugaz prazer
Mas o que esperar? Seus sentidos são vulgares,
Não estão aptos a se comunicarem, não comunhão do entendimento
Há a pressa do conceito, você é pressa no sentir
Obra de arte eu nunca deixei de ser
E, para quem me ver com todos os sentidos,
Quem não tem pressa, quem vagar em mim
Compreende o gozo que perdura na arte significada no prazer dos sentidos