POUCA-VERGONHA (versos livres)

Talagada por talagada a pinguinha branca me bate no bucho e a amarelinha na minha cara. Depois das dez doses, antes que eu leve tombo, pela amada o marmelo me bate no lombo.

Não choro, nem emburro, nada revido, e para mais tarde guardo a vingança. Tempero as horas, longe dos tapas, esperando o efeito das malvadas tomadas sair de vez da cachola durante o banho curador; na grande gamela molhada.

E, assim que a Lua dá as caras jogando na vida seu alto lume, eu cheiroso de perfume, com brilho de dente escovado, no jardim por mim esmerado colho uma rosa que para ela é entregada.

Então é que... no bailado da rede com a brisa, enamorado pelos seus lindos olhos, feliz suplico a ela por um monte de formas de amor para outra sova ser levada.

Dessa peia me entrego de gosto, até o Sol gritar para mim e para ela, logo depois do alvorecer, como rei de voz gafonha: “Chega dessa pouca-vergonha...”.

E ele, como o rei dos raios dourados; o mundo clareia. A luz do novo dia me pega da ressaca curado e a ela satisfeita.

Arabutã Campos
Enviado por Arabutã Campos em 24/06/2023
Reeditado em 24/06/2023
Código do texto: T7821013
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