Um pedaço seu ao meu lado
Me embriaguei de amor numa noite
Vaguei pelas ruas, sem ver ninguém
Para quem pudesse depositar este
Excesso de bonito sentimento
Parei numa rua, um vale entre
Duas calçadas, guardiãs de
Corações adormecidos
Dentro de densas paredes
De silêncio
Caí, sem aguentar o peso
Disso dentro de mim
Olhei para a lua cheia
A via cheia de luz, a olho nu
Me via nu de inibição
Optei por brincar
Jurei meu excesso para ela
Estava livre para vir e pegar
Juro que a vi entrar em
Mitose, largando um pingo
De sua beleza sobre a negra
E celestial cortina
Pingo homogêneo, desceu até mim
Assumiu a forma de uma mulher
Condizente cópia corpuscular
Deitou-se ao meu lado, tão macia
Perfumada, deslumbrante e chiquérrima
Olhou dentro de mim, para saber
Do que sou feito e o que carrego
Aquele pedacinho puxou minha mão
Tão macio quanto sorvete de creme
Puxou-me para cima
Mais do que apenas levantar
Levitou, ascendeu, emergiu
Concreto duro não fez falta
Quando naveguei pelo ar
Partir da escura esfera
Adentrar reluzente círculo
Berço espacial
Sem travesseiro, nem cobertor
Rodei até ficar nauseado
Expeli meu sentimento guardado
Com tanta retenção
Para servir de alimento
Para aquele satélite