no topo do prédio

ao subir contava os degraus

maneira de aliviar o peso da cabeça

mas já havia planejado tudo

em silêncio

conseguia ver meu movimento entre a penumbra

percebi que seria minha última memória

seria rápido e frio assim como o único sopro que o céu deu ao entardecer

em silêncio

nenhuma buzina gritava mais que o meu pensamento

iria encontrar o meu deus

já sou culpado

dessa vez não estaria sozinho

ao chegar lá

escutei sons

escutei amor

o que desviou de mim agora brilha sob minha pele

meus cabelos recebem carinho das mãos que formam pelas correntes do vento ali presente

vi a delicadeza

gentil doce toque

do segredo sob o novo luar

senti o calor da música a tocar

e vi duas almas com calma à festejar

a vida

o desenho da maçã quando os dedos dela deslizavam sobre o rosto de sua amante

a celebração

do olhar livre ao campo de visão dela se conectar

ao silêncio de ponta a ponta que só duas amantes sabem explicar

eu vi a graça descansar nos ombros dela, pois abrigo só encontra em quem tem motivos para ficar

e assim que voltei aos meus pensamentos

decidi sair de lá

sem nem lembrar do motivo no topo do prédio chegar

bargeli
Enviado por bargeli em 23/06/2023
Código do texto: T7820163
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