Barrica de Carvalho
O amor que agora tinge a taça de cristal outrora estava curtido em barricas de madeira
Sepultado no carvalho - creio - tenha se temperado, adquirindo porte e a longevidade
No aroma, alcançou as notas cítricas das zonas temperadas
No paladar, aqueceu a língua, o hálito; arrepiando o corpo numa onda térmica regozijante.
Um vinho raro embarricado – aparentemente - oculto numa adega com muitos rótulos menores
Que por muito cegou as vistas do que de precioso se guardava nas sombras do porão
Sendo que num caminhar no escuro, conduzido pelo acaso e pelo perfume
Admitiu provar o vinho tinto de olhos vendados pelo escuro e em meio ao caos
Na primeira gota, tudo surgiu, houve luz e a escuridão já não mais existia
A cada gole ao invés de embriagar-se ele discernia e sorria
Com dentes que brilhavam no escuro, entrelaçados entre corpos
Nuvem de borboletas coloridas no meio de um universo estrelado, lindo, infinito.
O amor que antes era sonegado, se maturava na barrica de carvalho
De repente explode em sabores, sensações, prazeres multidimensionais
De tal forma que uma vida e uma só realidade aparenta ser escassez
Ao passo que poucos goles já provocam um desejo de fusão,
Fazendo os corpos preenchidos, transbordados e obstinados a se beberem mais uma vez.