ABRAÇA-ME
Leio os teus pensamentos!
Estão debruçados na marginal tendência
Com que se delimita a linha tênue que define o nosso amor.
A mesma que separa a nossa realidade.
Como uma história que se ouve e se continua
A ouvir e ouvir até acreditarmos...
E passarmos a fazer parte dela.
Abraça-me!
Muitas vezes é somente uma saudade.
A dignidade do pensamento contra o mundo.
Muitas vezes perdemos.
E afinal só é preciso tudo tão simples.
Por aqui, muito perto de mim, vozes e vozes
Como ecos que se soltam das sombras.
Fecho-me com canções nos ouvidos.
Fecho-me mais e mais neste jeito noturno
De saltar todos os muros sem sair do corpo
Que me dá guarida. Até quando?
Como uma história que precisamos ouvir...
Abraça-me!
Enquanto isso... Se solta pensamentos.
Após a dor sente-se alívio logo depois parte as lembranças.
E assim, um a um, todos os pensamentos
Dão as mãos para unirem-se... As palavras.
Foge a língua e com ela o dialeto.
O pensamento fica para convencer a realidade
Que nem tudo se ausentou.
O desejo também permanece, mas está confuso.
Até quando?
Chove por dentro ouvem-se sinos. Ao longe.
Parece ser nas veias, mas talvez seja somente
O sangue que coagula. O coração grita.
Os ouvidos recusam-se a escutar.
Fecho as mãos, quero guardar nelas os teus hemisférios.
Palavras sussurradas de amor entram pela varanda
Pareceu-me ver nelas o teu coração.
Sigo em passo futuro o rumo dos teus olhos
E espero junto à vida a realização do futuro.
Abraça-me!
Manhãs que se desejam abraços.
Tardes que galgam multidões.
Noites que se desenham cansaços.
Respiração que atalha a vontade de parar
[se agora aqui estivesses]
E escrever nas paredes, na minha pele,
Na vontade de gritar,
Tudo o que se guarda em silêncio no silêncio.
Como uma lua que se devora com o olhar.
Preciso de um abraço.
Porque te amo e preciso de ti.
Abraça-me...