O Viver Entre Cataclismas II

 

Então me cai à mente um novo cataclisma.

O viver entre o nascimento e a morte na busca a paz.

 

Que é a paz senão o momento único que vivemos

e no qual não queremos mais nada

à não ser aquele instante

de remanso serenus e tenro

em que nos encontramos?

 

Quando o pensamento se cala diante do absurdo

e do incomensurável da vida...

quando o coração, indubitavelmente,

não tem mais argumentos,

não encontra mais recursos,

nem nada a provar que remeta ao contrário

e se rende ao inimaginável

ou às probabilidades e estradas

que se estendem diante os seus pés.

 

A paz é este momento de sublimidade

quando compreendemos para o que viemos,

que encontramos a certeza das respostas,

abandonamos a incerteza

e reconhecemos nosso caminho de luz.

 

É o instante da flutuação no espaço, asas abertas,

num planar de pluma sobre a compreensão

de que todas as respostas dos enigmas que construímos

ou que surgiram em nossa vida estão dentro de nós mesmos...

é quando a alma se descobre completa e pura,

na mansidão e paz de seu próprio sentimento...

 

É o que me mantém viva - é você vivo em mim -

é a minha poesia, a minha oração,

o meu coração e o meu sentimento...

 

 

"O enigma não decorreria da mistura estreita de nossa afetividade e de nossa intelectualidade, dessa dualidade vivida em conjunto, enigma primeiro?" (Edgar Morin).