O Eclipse do Amor Proibido: A História de Heloísa e Abelardo

No berço da Paris antiga, uma história se desenrola,

Em meio à sabedoria e à paixão, a alma se consola.

A jovem Heloísa e Abelardo, naquela rua estreita,

Onde um chapéu perdido por vento, a amorosa trama enfeita.

Heloísa, flor de dezessete primaveras, olhos brilhantes de desejo,

Abelardo, homem de saber, coração batendo ao ensejo.

Em salas de aula e ruelas, trocam olhares e segredos,

Nasce entre eles um amor, em vãos e sinuosos enredos.

O tutor Fulbert se enfurece, o amor condena, a união nega,

Mas o sentimento é mais forte, e na clandestinidade se entrega.

De um amor proibido, nasce um filho, Astrolábio, estrela-guia,

E em segredo se casam, em um ato de coragem e ousadia.

Mas a tragédia chega, um castigo do tutor enraivecido,

Abelardo é mutilado, um pecado não-perdido.

Eles são separados, uma dor que nem o tempo cura,

Heloísa na clausura, Abelardo em silêncio murmura.

As palavras se tornam refúgio, na solitude da pena e papel,

Cartas, dolorosas e profundas, trocam o doce casal fiel.

Confissões de desejos, devaneios de paixão,

Nas cartas, Abelardo e Heloísa expressam sua angústia e adoração.

É Heloísa, mulher de valor, fiel e corajosa,

Que no amor a Abelardo, foi tanto casta quanto ousada.

Ela recusou o casamento, pois amava a grandeza do amado,

Sua glória não poderia ser ofuscada, seu nome, honrado.

O casamento, para Abelardo, seria sua ruína,

Pois o filósofo do século 12, se apega à disciplina.

A amada compreendeu, embora lhe partisse o coração,

Pois a glória de Abelardo era mais importante que a paixão.

Abelardo aceita o castigo, vê na dor a vontade divina,

Entra para a vida monástica, em humildade se inclina.

Mas em sua solidão, sua mente ainda floresce,

Seu legado permanece, sua sabedoria enriquece.

Heloísa e Abelardo, uma história de amor e dor,

Na imortalidade das palavras, encontram o eterno valor.

Em cartas e lições, na tragédia e na alegria,

Seu amor resiste, na história, na filosofia.

Embora separados pela cruel realidade,

Sua união transcende o tempo, a geografia e a idade.

No silêncio do mosteiro, nas páginas do livro,

Seu amor permanece vivo, seu legado é altivo.

Em Paris, a cidade do amor, um conto de paixão nasceu,

Na angústia de Abelardo e Heloísa, a história se perdeu.

Mas suas palavras sobrevivem, através dos séculos persistem,

No coração da humanidade, eternamente existem.

Na morte, a dor, a tristeza, enfim, tiveram fim,

Num túmulo, juntos descansam, ao cair do crepúsculo.

Nas noites de lua cheia, ouvem-se sussurros de um amor sem fim,

No cemitério Père Lachaise, entre os ciprestes e o musgo.

Abelardo e Heloísa, uma dupla sem igual,

Nesse último descanso, unidos como nunca foram em vida.

Nos silêncios da noite, ecoa seu canto celestial,

Dois amantes separados, pela eternidade reunidos, cicatrizada a ferida.

Oh! Tão doce tragédia! Oh! Amor doloroso!

Na fria pedra do túmulo, a história se faz eterna.

E em cada palavra esculpida, um amor tão tenebroso,

Agora em repouso, após o último ato dessa peça inferna.

Heloísa, Abelardo, amantes no abraço da morte,

Vossos nomes são agora a melodia dos ventos.

O cemitério Père Lachaise guarda o vosso porte,

E nas trevas silenciosas, sois um farol, dentre os entes.

Onde a razão e a paixão fizeram seu embate,

Resta agora o silêncio, e a saudade como herança.

E embora o amor tenha vindo tarde,

É no silêncio da morte que se sela a vossa aliança.

Pelo mundo, corações feridos por lâminas invisíveis,

Ao lerem vossa história, encontram algum consolo.

Vossas vidas, vossas palavras, tornaram-se prescritíveis,

Para os amantes que, como vós, amaram além do solo.

Juntos em morte, como não puderam em vida,

Vossas almas agora se entrelaçam em divino abraço.

A vossa história, embora por lágrimas banhada,

É um farol na noite, é conforto no cansaço.

Oh, terna tragédia! Oh, doce dor!

No cemitério Père Lachaise, sob a luz do luar.

Nesse derradeiro enlace, renasce o amor,

Que nem o tempo, nem a morte, puderam apagar.

Num último suspiro, clamo ao céu infinito,

Lembrando a vossa história, com a pena tinta de saudade.

Nessa doce serenata ao luar, meu último rito,

Fecho a cortina, deixo a cena, cedo à eternidade.

Em Paris, sob a luz da lua, repousa a vossa sorte,

A vossa dor, o vosso amor, na pedra fria, é sagrado.

No cemitério Père Lachaise, a morte foi vossa ponte,

Para o amor eterno, onde Abelardo e Heloísa são amados.

Paulo Afonso Tavares
Enviado por Paulo Afonso Tavares em 12/06/2023
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