OS MESMOS ARDORES

Atrevidas! Apagastes as pegadas na areia

A brisa marinha levou o perfume!

Bravias, incógnitas ondas... Carregam o azedume

O beijo mortal dos lábios da sereia!

Se rogo, se apelo, se oro

A Deuses imortais, augustos

Olham através dos marmóreos bustos

Olhares lascivos à Mortal que imploro!

Lívio, Homero, Orfeu

Bem sei da paixão cingida pelas correntes de Prometeu

Acusam-te as odes e epopeias...

Sei que a tinta é o sangue rubro dos pintores

Que nos afrescos confessam seus ardores:

As mesmas musas, divas e tetéias!

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Observação

“tetéias” no texto é uma alusão à deusa grega Tétis

Luís de Camões, na obra “Lusíadas”, se referia a Tétis como sendo o ideal da beleza feminina.

O termo é usado casualmente para designar mulheres bonitas e juvenis

André da Costa
Enviado por André da Costa em 11/06/2023
Reeditado em 11/06/2023
Código do texto: T7810578
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