OS MESMOS ARDORES
Atrevidas! Apagastes as pegadas na areia
A brisa marinha levou o perfume!
Bravias, incógnitas ondas... Carregam o azedume
O beijo mortal dos lábios da sereia!
Se rogo, se apelo, se oro
A Deuses imortais, augustos
Olham através dos marmóreos bustos
Olhares lascivos à Mortal que imploro!
Lívio, Homero, Orfeu
Bem sei da paixão cingida pelas correntes de Prometeu
Acusam-te as odes e epopeias...
Sei que a tinta é o sangue rubro dos pintores
Que nos afrescos confessam seus ardores:
As mesmas musas, divas e tetéias!
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Observação
“tetéias” no texto é uma alusão à deusa grega Tétis
Luís de Camões, na obra “Lusíadas”, se referia a Tétis como sendo o ideal da beleza feminina.
O termo é usado casualmente para designar mulheres bonitas e juvenis