Lágrimas de Hades

Oh Leuce, lívida como a alva lua,

Ninfa bela, da floresta encanto,

Capturada, oh desventura tanta!

Pelo Senhor do Éden de sombras nuas.

Do Amor cativo, Hades em ardor,

A fez Rainha do seu reino escuro,

Desejo e pranto misturam-se em murmúrio,

Ecoando pelo abismo em sombrio clamor.

Porém, nem mesmo o amor de um deus escapa

À cruel sina que a todos arrebata,

E a bela Leuce tomba, fatal desventura!

Em seu regaço frio, a morte jaz,

E Hades, na solidão, soluça e desaba,

E de sua dor, brota a eterna amargura.

Da mais alva ninfa, restou somente a sombra,

Na forma esquiva de álamo branco,

Na Elysium plantada, monumento do encanto,

Um suspiro prateado na noite que assombra.

Neste triste recanto, Hades a contempla,

No silêncio do luto, vê a amada renascer.

Nos galhos do álamo, sente o seu doce arder,

A beleza de Leuce, que o amor eternamente sela.

Oh, trágico destino do deus sem sol,

Que à sua amada só pode amar à sombra!

Amor que é grito, que é lamento e assombra,

Num Éden de prantos, lúgubre e só.

A saudade do deus no vento se espalha,

No sussurro das folhas de álamo ao luar.

No reino de Hades, oh, eterno pesar,

Perdura a memória de Leuce, que a tudo abalha.

Paulo Afonso Tavares
Enviado por Paulo Afonso Tavares em 10/06/2023
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