Lágrimas de Hades
Oh Leuce, lívida como a alva lua,
Ninfa bela, da floresta encanto,
Capturada, oh desventura tanta!
Pelo Senhor do Éden de sombras nuas.
Do Amor cativo, Hades em ardor,
A fez Rainha do seu reino escuro,
Desejo e pranto misturam-se em murmúrio,
Ecoando pelo abismo em sombrio clamor.
Porém, nem mesmo o amor de um deus escapa
À cruel sina que a todos arrebata,
E a bela Leuce tomba, fatal desventura!
Em seu regaço frio, a morte jaz,
E Hades, na solidão, soluça e desaba,
E de sua dor, brota a eterna amargura.
Da mais alva ninfa, restou somente a sombra,
Na forma esquiva de álamo branco,
Na Elysium plantada, monumento do encanto,
Um suspiro prateado na noite que assombra.
Neste triste recanto, Hades a contempla,
No silêncio do luto, vê a amada renascer.
Nos galhos do álamo, sente o seu doce arder,
A beleza de Leuce, que o amor eternamente sela.
Oh, trágico destino do deus sem sol,
Que à sua amada só pode amar à sombra!
Amor que é grito, que é lamento e assombra,
Num Éden de prantos, lúgubre e só.
A saudade do deus no vento se espalha,
No sussurro das folhas de álamo ao luar.
No reino de Hades, oh, eterno pesar,
Perdura a memória de Leuce, que a tudo abalha.