Desejo noturno
No véu da noite eu vagueio, em busca de um querer,
Donzela que roubou meu coração, onde pode estar?
Oh, Afrodite, em teu trono de marfim, ouve meu gemer,
Preciso encontrar a donzela, minha alma a esvoaçar.
Seus lábios, oh, que saudade, doçura do seu beijo,
Cada momento gravado em mim, um soneto de desejo,
Seu corpo talhado no mármore, arte de divino ensejo,
Rendo-me a lembrança do seu toque, doce e sutil arpejo.
Os seios dela, auroras boreais, a luz em minha escuridão,
Pele como cetim, sob meus dedos, insana tentação,
Ah, esse amor voraz, febre em minha imensidão,
Corpo e alma cativos, numa selvagem paixão.
Na escuridão, eu clamo, por entre ruas e vielas,
Afrodite, vem em meu socorro, guia-me às estrelas,
Onde a donzela dança, onde a saudade é menos cruel,
No firmamento do seu amor, onde me sinto tão perto dela.
Noite após noite, a procura, anseio pelo reencontro,
E na esperança, meu coração embriagado de amor e encanto,
Cada passo que dou, cada verso que em mim brota e canto,
É por ela, minha donzela, por quem derramo este pranto.