Além das Sombras
Desperto ao amanhecer, vazio o leito que antes ocupavas,
Teus beijos outrora éxtase, néctar celeste, sabor divino.
Mas agora, solitário, em minh’alma há breves lavas,
Em busca incessante, prometo: te encontrarei, destino!
Trilho uma jornada sem tempo, além das fronteiras da vida,
Em busca de um toque que se perdeu na imensidão.
Persistirei, mesmo na angústia que me invade e me fere a ferida,
Sem limites temporais, selando a eternidade em união.
No crepúsculo incerto, vagueio como alma em desatino,
Em sombras obscuras e vales de dor, sigo sem trégua.
Minha sina é amar na ausência, ardor sombrio no caminho,
Nas profundezas do peito, a chama eterna que me refugua.
Nas entranhas da noite, verto lágrimas em versos plenos,
Expressão de paixão, suspiros dolorosos que pulsam.
Meu guia nas sombras, poeta de outros tempos serenos,
Traço, em versos, a melancolia que em minha alma palpita.
Caminho pelo tempo, sem respostas, sem findo alento,
Anseio por teu sorriso, pelo calor que em mim se apagou.
Na busca sem tréguas, busco um reencontro, momento,
Renovar o amor perdido, que o tempo levou.
E assim sigo, perdido na névoa do meu ser inquieto,
Alimentando-me da ilusão de um encontro profundo.
Amar sem cessar, no íntimo mórbido, triste segredo,
Minha sina, meu fado, meu destino oriundo.
Em cada verso tecido com desespero e devoção,
Busco-te nas entrelinhas do tempo e da existência.
Na essência dos sentimentos, na dor que me consome em ação,
Persisto na busca incólume, na esperança da confluência.
Que o tempo, submisso, se curve perante o fervor deste amor,
E que a morte, em silêncio, seja testemunha da união.
Em meus escritos, verto a agonia e a dor em clamor,
Na busca incansável de te encontrar, meu coração.