Rapunzel na varanda
Na varanda, ela se debruça solitária,
Cabelos longos, como trama imaginária.
Minha Rapunzel, presa na torre urbana,
Vigiando a paisagem, sonhando com a vida insana.
Seus olhos cansados refletem a rotina,
O tempo passando, sem trégua, sem sina.
Entre os fios de cabelo, histórias se entrelaçam,
Memórias que vivem, enquanto as horas se deslaçam.
Ela observa a cidade, lá embaixo, em rebuliço,
As pessoas apressadas, sem notar seu feitiço.
Sonha com a liberdade, um vento que a carregue,
Para além dos limites, onde a vida se desvende.
Os dias se arrastam, monótonos e iguais,
Ela anseia pela mudança, por novos ideais.
Mas sua torre é invisível, erguida pelos medos,
Acomodada na varanda, ela adia seus segredos.
Enquanto o sol se põe e a noite se aproxima,
Ela sussurra desejos às estrelas em rima.
Quer ser mais do que uma silhueta na janela,
Quer desvendar o mundo, ser protagonista na novela.
Mas a vida real é dura, impondo suas amarras,
Ela se perde na ilusão das histórias que narra.
Minha Rapunzel na varanda, aprisionada em si mesma,
Esperando o momento de abandonar a inércia.
Um dia, quem sabe, suas tranças serão a escada,
Que a levará para fora, para uma vida bem contada.
E ela descerá da torre com passos firmes e confiantes,
Enfrentando seus medos, superando os obstáculos constantes.
Minha Rapunzel na varanda, um retrato da realidade,
Sonhando com a liberdade, com a sua própria identidade.
Que um dia suas amarras se desfaçam por completo,
E ela seja a protagonista do seu próprio afeto.