Ardor Noturno: Reflexos de uma Paixão Divina
Ó divina criatura, que em meus sonhos ousa habitar,
Corpo como mármore talhado, que faz a lua envergonhar,
Em teus seios eu me deleito, na tua boca me perder,
Pois és tu, musa inebriante, que faz meu peito arder.
Ah, com que paixão em teu olhar, Afrodite encontra o seu rival,
E as ninfas em seu róseo palor, contra ti, mostram-se inferiores,
Nos meus devaneios, és o encanto, a fonte de meu ideal,
Tua formosura é causa de prazer e de desesperadas dores.
E quando te imagino em doces sonhos, entregue ao sono,
Os teus cabelos soltos se espalham no leito puro,
E um suspiro tépido e quente, como um doce abandono,
Nos seios teus, morre, e de prazer eu juro.
Oh, Virgem do meu ardor! Em teu silêncio eu me desfaleço,
E meu coração inunda-se de terna loucura,
Sinto que a eternidade não vale o teu beijo,
E o paraíso, ah, encontro em tua boca, doce e pura!