Selene, Deusa do Luar e Meus Sofrimentos

Da janela do meu quarto,

Sob o manto do silêncio,

Observo a Lua, Selene, em seu canto,

Deusa que ouve meu lamento.

Filha dos Titãs, Hipérion e Theia,

Irmã de Eos, do sol, Hélios,

No firmamento a tua corte meia,

Do amor dos mortais, a mais zelosa.

Selene, tua lenda de amor,

É um reflexo do meu desalento,

Tu que escolheste o pastor,

No amargor do nosso tormento.

Endimião, simples mortal,

De beleza rara e insólita,

Que à noite, em seu sono astral,

Sonhava com tua face heliolita.

Deusa, em tua carruagem lunar,

Descendeste ao monte Latmus,

No brilho que fez acordar,

O pastor, em teu trágico opus.

Em teus olhos imortais, a compaixão,

Iluminas minhas noites em desvario,

Tua sina e a minha, em conjunção,

Do amor, somos reféns pelas Moiras.

No eterno sono de Endimião,

Foste unida ao teu amor terreno,

Por Zeus e Hypnos, em solução,

Foste a Lua, e ele, teu sereno.

Cinquenta filhos, cinquenta luas,

Nasceram dessa história de amar,

Minhas dores, minhas mágoas cruas,

Também nasceram de amar.

Oh, Selene, a tua sina é a minha,

Por um amor mortal, estamos perdidos,

Em tua luz que brilha e a minha linha,

Estamos presos, por destinos decididos.

Teu amor por Endimião, minha dor,

São canções do mesmo canto,

Na janela do meu quarto, sem cor,

Ecoa meu murmúrio, meu pranto.

Selene, Deusa, em tua compaixão,

Ilumina minhas noites de agonia,

Com teu brilho noturno e tua canção,

Que me acompanham em cada dia.

Paulo Afonso Tavares
Enviado por Paulo Afonso Tavares em 07/06/2023
Código do texto: T7807537
Classificação de conteúdo: seguro