Um amor e uns goles de plágio

Eu bebo para lembrar um grande amor.

Eu bebo, lembro, esqueço, ciclicamente.

No esquecimento, revelo toda minha culpa.

Na lembrança escondo o que deixei de amar.

Não conjuguei esse verbo em tempo certo.

No pretérito, teria sido mais que perfeito.

Era um presente e hesitei: futuro imperfeito.

Ele chegou brisa, eu perseguia tempestades.

Deitou-se orvalho em relva, eu, inundações.

Cuspi na boca que eu comia!

Fiz da incompletude o meu maior castigo.

Feri com ferro que me feriria.

Abri mão de um grande amor e da poesia.

Arrebanhei palavras por coisas de não se amar.

Entrincheirei versos para lutarem contra mim.

Lembrar minhas estrofes arregaça feridas.

Esquecê-las, ébrio, torna-me menos vazio.

Eu bebo, esqueço, lembro, ciclicamente.

“Eu bebo para esquecer meus poemas”.

Antonio L
Enviado por Antonio L em 06/06/2023
Código do texto: T7806993
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