A Sombra do Destino: O Andarilho Noturno
Vaga na escuridão o jovem alado,
Sobre as sombras do destino indomado,
E em cada passo, no vazio, o amargor de um brado,
Na ânsia de encontrar um sentido ali calado.
O luar prateia as lágrimas do desespero,
Desenhando rastros de um amor sincero,
Perdido nas dobras do tempo severo,
Buscando nas profundezas o seu mistério.
Eis o retrato do amante abandonado,
Nas mãos das Moiras, cruelmente maltratado,
Sua sina por elas friamente desenhado,
Na tapeçaria da vida, um fio desolado.
Caminha o amante, na escuridão infinda,
Desfolha o amor, numa dor mal resolvida,
O destino, um fardo na vida,
A tristeza, uma sombra sempre seguida.
Entre as ruínas do amor, no silêncio devastado,
Na solidão das noites, um lamento ecoado,
Onde a lua beija as estrelas, no céu estrelado,
Busca o amante um significado.
E sob a influência da lua vaidosa,
Seu coração, antes rubro, agora apodrecendo numa rosa,
Vê na escuridão uma resposta dolorosa,
O amor, um sonho, uma ferida tenebrosa.
Ó Moira cruel, senhora do destino amargo,
Marcaste este peito com o signo do desamparo,
E agora vagando, um eterno avaro,
Na busca incessante por um amor raro.
Em meu sepulcro, deixem-me descansar,
Na sombra de uma cruz, meu destino desenhar,
E escrevam: "Aqui jaz um poeta a sonhar,
Que na vida, apenas procurou amar".
E quando a ave da manhã trazer o alvor,
Deixem a lua pratear meu pobre torpor,
E sob a lâmina do destino, um amante em dor,
Na melancolia da noite, um poeta em desamor.