A Sombra do Destino: O Andarilho Noturno

Vaga na escuridão o jovem alado,

Sobre as sombras do destino indomado,

E em cada passo, no vazio, o amargor de um brado,

Na ânsia de encontrar um sentido ali calado.

O luar prateia as lágrimas do desespero,

Desenhando rastros de um amor sincero,

Perdido nas dobras do tempo severo,

Buscando nas profundezas o seu mistério.

Eis o retrato do amante abandonado,

Nas mãos das Moiras, cruelmente maltratado,

Sua sina por elas friamente desenhado,

Na tapeçaria da vida, um fio desolado.

Caminha o amante, na escuridão infinda,

Desfolha o amor, numa dor mal resolvida,

O destino, um fardo na vida,

A tristeza, uma sombra sempre seguida.

Entre as ruínas do amor, no silêncio devastado,

Na solidão das noites, um lamento ecoado,

Onde a lua beija as estrelas, no céu estrelado,

Busca o amante um significado.

E sob a influência da lua vaidosa,

Seu coração, antes rubro, agora apodrecendo numa rosa,

Vê na escuridão uma resposta dolorosa,

O amor, um sonho, uma ferida tenebrosa.

Ó Moira cruel, senhora do destino amargo,

Marcaste este peito com o signo do desamparo,

E agora vagando, um eterno avaro,

Na busca incessante por um amor raro.

Em meu sepulcro, deixem-me descansar,

Na sombra de uma cruz, meu destino desenhar,

E escrevam: "Aqui jaz um poeta a sonhar,

Que na vida, apenas procurou amar".

E quando a ave da manhã trazer o alvor,

Deixem a lua pratear meu pobre torpor,

E sob a lâmina do destino, um amante em dor,

Na melancolia da noite, um poeta em desamor.

Paulo Afonso Tavares
Enviado por Paulo Afonso Tavares em 04/06/2023
Código do texto: T7805470
Classificação de conteúdo: seguro