Lar
Sempre tive fascínio pelas janelas
E todo aquele sortimento de formas e cores e jeitos
As janelas arejam, renovam
Deixam entrar as surpresas que queremos receber
A melodia das aves, o perfume do orvalho
A volúpia do vento
O encanto da poesia
Abrir uma janela é abraçar a imensidão do mundo
As portas, tadinhas, não tem a graça das janelas
As portas são estreitas
Intransitivas
Ou abrem ou fecham ou encostam, só
As portas são polidas, entapetadas
Filtram as belezas de fora, prendem os anseios de dentro
Desatinam a natureza das coisas
As portas são bregas, todos de acordo?
Mas, meu bem
Como poderia eu preferir as janelas
Se meu cheiro e som e corpo e toque e alma favoritos
Tem esses passos miúdos, que só alcançam os degraus da porta