O MEU ÚLTIMO POEMA (de amor)

À beira do meu Poema 1200 de repente dou comigo terrivelmente cansado…Tenho que escrever ficção cientifica para desanuviar e para me recolher nos meus mundos, que me protegem do exterior que tanto me dá mas que tanto me faz sofrer…Tenho que fugir do mundo dito normal e refugiar-me no síndrome, que é a minha maldição genética, mas que é ao mesmo tempo o meu ninho impenetrável onde ninguém consegue penetrar quando “estou num daqueles dias de quase autismo” que me torna um prisioneiro mas ao mesmo tempo o ser mais livre do mundo, livre para fazer coisas a que ninguém presta atenção, mas…sempre fui assim, sempre serei e nada há que contrarie isso. Sempre amei muito, mas as mulheres que tive nunca foram as amadas, o que vai de encontro a uma linha de destino sensorial que não consigo contrariar na complexidade afectiva que nem eu consigo entender apesar de ter sido treinado para ser terapeuta comportamental.

Por isso este poema é um marco, se calhar é uma despedida, não o sei dizer pois ninguém pode prever o futuro, e pode ser que o dia de amanhã seja mais belo e faça nascer a vontade em mim de mais palavras de mais um poema, mas este, sem dúvida que é

O MEU ÚLTIMO POEMA (de amor)

(Poema baseado na belíssima música de David Fonseca "Kiss me, oh Kisse me")

Ouço o som de um piano

E de uma guitarra

Ouço o som

Da noite cerrada

Que caiu sobre mim

De palavras lançadas ao som

Sem que pense que realmente valem a pena

O som lá está para continuar mas este é

O meu último poema (de amor)

Todos temos uma espécie de karma

Que transformo

Em mais uma palavra

Com todo o meu carinho

Com todo o meu ardor

Para aqui

O meu último poema (de amor)

E penso

“Beija-me, beija-me”

Contraria o meu síndrome

Deixa-me levar-te a casa

Que é a minha

A casa das estrelas

Nas quais está exposto um quadro

Surrealista

Em que em pinturas indefiníveis

Te digo que és a mais bela

O meu último poema (de amor)

Ouço outro som

Um de um tambor

Que reverbera a minha dor

A minha imensidão

As minhas expectativas

Que são a minha prisão

O meu último poema (de amor)

A carne arde

O coração sofre uma arritmia

A alma encontra-se consigo própria

E contigo

Pois

Meu amor

Sem Ti

Não sei o que faria

O meu último poema (de amor)

E eu sei quem sou numa repetida ladainha, repetida canção

Demasiado bem

E por isso não aconselho a minha companhia

A quem quer que seja

Mesmo que essa companhia

Seja a minha salvação

O meu último poema (de amor)

Amo

Com todas as minhas imensas expressões

Sempre amei

E eternamente amarei

Nas tempestades

Que me levam

Á ilha perdida dos afectos

Onde sou Rei

Sou o Princepezinho

Que reina sobre o nada

Reina sozinho

Tendo tanto

Imenso para oferecer

Mundos infinitos

E ninguém para o receber

E muito menos o ler

Porque há pessoas que nascem para o nada

E eu sou uma delas

Que ignoro onde todo o meu infinito pôr

Sendo por isso que estas são as minhas derradeiras palavras

Até ao dia incógnito do amanhã

Este é

O meu último poema (de amor)