Entre a Ausência e a Incerteza

Nas brumas frias da memória antiga,

Indago onde se esconde aquela amada

Que outrora habitou minha vida afetiva,

Mas agora se perdeu, desvanecida.

Será que o fado cruel a transportou

Para longe de meus olhos e meu ser?

Ou a vida, impiedosa, a arrebatou

E a depositou noutro mundo a percorrer?

Sinto saudade e vago na solidão,

Pois a paixão que um dia me incendiou,

Hoje, apagada, deixou-me em confusão,

E apenas lembranças restaram do amor.

Na memória, um palácio de fragmentos,

Lá repousam pedaços de nossa história,

Rendidos à efemeridade do tempo,

Aguardando eterna, inquebrada glória.

Mas será que, lá onde ela agora está,

Recorda-se dos momentos que vivemos?

Ou outros rostos cruzaram seu caminhar,

E os meus se perderam, como cinzas ao vento?

Ah! A angústia que me devora a alma,

Na incerteza, em meio à ausência vivida,

Nesta jornada solitária e calma,

Pergunto-me: lembrar-se-á desta vida?

Porém, apesar da dor e do desenlace,

Encontro paz nas recordações queridas,

Pois, mesmo quebradas, guardam seu traçado,

E mantêm viva a chama das despedidas.

Assim, nesse paradoxo da saudade,

Busco respostas no mar da incerteza,

Na busca incessante pela verdade,

Entre as brumas que encobrem a beleza.

Que a ausência alimente meu pensamento,

Enquanto a incerteza me consome o peito,

E que a memória seja meu alento,

Aguçando a esperança de um reencontro estreito.

hewie
Enviado por hewie em 21/05/2023
Código do texto: T7794111
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