UIVO DE UM LOBO

 

 

A noite adormecia na madrugada
Onde o silêncio abafava a neblina…
Os lamaçais se agasalhavam na manta geada
Onde se espelhava a tua imagem cristalina


O bosque verdejante ocultava o teu odor
E as árvores enraizavam-se em tristezas…
No desassossego, margeava rios de amor
Farejando-te nos trilhos das incertezas


Bebi da escuridão a sede de te encontrar
Fincando as garras nas tuas pegadas…
Com olhos selvagens fixei-me no teu olhar
Furtando o brilho das estrelas elevadas


Temido por uns e por outros, odiado
Percorri de corpo cansado, florestas tremendas…
No bordado território de terreno pesado
Uivava ventanias trazidas em tormentas


Nos atalhos da bruma em terra insondada
Rebeldemente, pulei cercas para te agasalhar…
A distância, abalas de mim na enseada
Escondidas esperanças de te encontrar


Na floresta do mundo acenderei o fogo
E seguirei o teu rastro até o fim…
Quando ouvires alto, o uivo de um lobo
Lembra-te! … Sou eu a chamar por ti.