Um Vislumbre de Nós Dois

Tu és a cordilheira da Beleza,

Teus cabelos, espelho da Vida.

No laboratório do teu Amor

Eu sou o Frankenstein sobre a mesa.

Venha roer toda a minha alma

com teus dentes afiados de paixão.

Arranhe esse meu eu imaterial

Com teus dedos e unhas de coração.

Venhas e arrases com meus sentimentos

Com suas bombas e armas de afeto.

Consuma todas as minhas emoções

Com suas torturas: carinho lento.

Venhas assim, como estás, meu amor.

Banhe-se no lago de memórias.

Lave-se no meu rio  interior.

Afoguemo-nos, no mar de união.

Sem a carícia de tua alma,

O sol é sorriso sem alegria,

A lua é coração sem paixão,

O mar é beijo sem calor.

O copo da cor do teu corpo

Reflete o amor nesse teu rosto.

No sonho que eu tive

Você me devorava

Sem nenhuma piedade.

No sonho que eu tive

Você destroçava

Ser, tempo e realidade.

O copo da cor do teu corpo

Reflete o amor nesse teu rosto.

Os raios do sol invadem pela janela, lembrei-me de quando o seu olhar me invadiu pelo ar.

Sentado na praia, como um torpedo as ondas me inundam; lembrei-me de quando o seu perfume disse: fume-me!

Eu quero você, mais do que me permite o querer...

Faço por você, mais do que me permite o fazer...

Eu amo você, mais do que me permite o amar...

Vem comigo dançar, no fulgor: olhar de fogo...

Num dia nublado, dentro de um arco íris. Vi um vislumbre de nós dois... Tentei te dar um beijo, mas seu coração tem dentes afiados... Sangue nos meus lábios, versos na minha língua. Ainda bem que eu gosto de gostar do gosto de sangue. Num dia nublado, dentro de um arco íris. Vi um vislumbre de nós dois... Aqui é o lugar onde chuva vira sol, nuvens viram arco íris. Então vem dançar comigo na chuva, nesse dia nublado - ensolarado - olhe para o céu e veja: num dia nublado, dentro de um arco íris. Um vislumbre de nós dois...