POESIA EM REPOUSO

Cair num túnel que nem sei,

O que eu até pensei,

Onde tudo isso vai dar?

Por quanto tempo irá durar?

Então, de frente a porta, abrir,

A luz clareava o nada que se mostrava,

E já desprovido de si mesma,

Preocupado com o coração, aí me vi.

O branco que vestíamos era como eu senti,

Um completo vazio, que em nada acalma!

De súbito, surgiste sem versos e sem cores,

Abraçando-me sem ter os perfumes das flores,

E então, lhe disse: -Por um instante, tive medo,

E cheguei a ficar enlouquecido, ao entender que te perdia.

Ainda tão rente estavas,

E assim, falavas: -Mas eu extraviei-me de ti!

Só que não permaneci, e por um certo caminho,

Resolvi seguir, para que levasse-me depressa,

Onde teu “ser” esperava que eu tivesse, ali…

Conclamei-a de “minha israelense”,

Beijando-a em vestígios eloquentes,

De uma linguagem sem fim,

A qual meu mundo se rende.

Eu sou a própria poesia, violada,

Onde os deuses enviaram-me a mensageira,

Com tais mistérios que, tão somente tem,

Uma estrela de David de rara beleza.

Todavia, ao pedir que visse meus olhos,

E não o meu rosto, como o de um fantasma da ópera,

Em seu sublime amor, partira sem respostas!

A poética se esqueceu de quem eu era,

E não vivendo mais, está num total silêncio,

Tendo sua alma repousando nas catacumbas de tudo que imaginei,

E mesmo amando-a para sempre, ela não se faz presente em mim.

Poema n.2.965/ n.34 de 2023.

Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor)
Enviado por Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor) em 15/05/2023
Reeditado em 15/05/2023
Código do texto: T7788737
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