TSUNAMI
Quando entrou, inesperado,
Se eu estivesse preparada,
Jamais teria permitido!
Nem chegou de mansinho...
Veio feito um tsunami,
um verdadeiro furacão!
(Na verdade, um gato brincalhão...)
Imaginei: “Vai bagunçar “a casa” e logo vai embora
Não parece que demora, essa posse impermissível
Como um filhotinho, vai fazer sua bagunça,
Me fazer acreditar, sonhar e partir como veio
Arrebatado em seu tornado de desejo ardente
E sem peso na consciência,
Deixará meu corpo latente,
sofrendo sua abstinência”.
Mas chegou e se instalou
Foi ficando, fui deixando,
Para ver no que ia dar...
Preparo-me para o infortúnio.
“Como suprirei o vazio? Que remédio vou tomar?
(Depois que tudo acabar?”)
“MELHOR SERIA NÃO TER DEIXADO ENTRAR! ”
Grita em meus ouvidos, uma voz interior
E um lado meu ironiza, outro me condena,
Mas só a um, dou ouvidos...
“Será que não vale a pena?”
Esse lado que teima em crer no Amor
Esse lado que, mesmo ridícula me sentindo,
Me faz adormecer e acordar sorrindo
E continuar a sorrir por todo dia
Quando ouço sua voz, sua alegria (“bom día, gatínhaaaa!”)
Quando vejo mensagens no celular
Quando te ouço cantar com esmero
Quando me diz insanamente: “Te quero!”
Sua “casa” estremece e se põe a saltitar
É aqui, dentro do meu peito
Que você fez a sua morada
Não quero pensar se é fixa ou aluguel
Mas o turbilhão que causa,
Põe-me a temer o sabor do fel,
que sentirei quando, num lampejo de sanidade
Perceberes quão louco estás sendo
E com esse pensamento horrendo,
Vejo minh’ alma mais uma vez, despedaçada!
LICÍNIA RAMIZETE
13/08/2019