você nunca morrerá
há anos vi um amigo falando com uma paixão antiga
que ela se tornaria poesia
quando menos esperasse,
mas ela se foi
com as roupas do corpo
e sem verso nas malas.
há anos vi um velho com sua neta
sentados num banco de pedra
na esquina de minha casa,
mas ele se foi
com as roupas do corpo
e sem a companhia da amada.
tanta saudade que corre nas veias
e nada é capaz de traduzir esse sentimento,
como as fotos que não tiramos e hoje são
lembranças insones,
como as palavras que não dizemos e hoje são
os silêncios entre uma noite de quarta
e uma fria manhã de quinta.