Admirador oculto

Que sorriso mais lindo,

Dá-me vontade de te dizer,

Mas seus olhos me intimidam,

Fazendo-me retroceder.

Deixando-me acanhado,

Em meu rubor encurralado,

Sem saber o que fazer.

Calado então me afasto,

Sinto me inferior,

Ao longe sigo teu rastro,

As sombras do amor.

Nos pedregais da vida,

Nem percebes minhas investidas,

Ou sequer onde estou.

E como de praxe,

Hábito já costumeiro,

Desvio para que passes,

Mas aínda sinto teu cheiro.

E sem olhar para traz,

Posso tuas curvas imaginar,

A te olhar, não me atrevo.

Palavras flutuam desgarradas,

Em busca de conexão,

Vai-se você nesta estrada,

E eu,a olhar para o chão.

Você, imponente que passa,

E eu, ali fico sem graça,

Quisera, mas não toco suas mãos.

Não, não me atrevo,

No meu sentimento covarde,

Então apenas tudo descrevo,

Num poema que me arde.

Ligeiramente rabisco,

Componho, e lhe dedico,

Irás o ler? Quem o sabe?

Ladislau Floriano.