Parte II: O Cego
Segue o cego,
Seguindo, cegando,
Cegado, em seu coração.
Segue o caminhante
Cego, que se lhe entrego
Seu novo destino e
Ele não sabe onde ir.
Segue o cego que canta
E que encanta com sua
Vontade de ser novamente
Cego seriamente para não
Sentir que sua cegueira
Lhe proíbe de ver tudo
Belamente como seria
Se cego não fosse.
Pobre do cego que segue
Hoje, amanhã e pra sempre
Indo cegamente, tentando achar
Alguém que lhe agrade, ao toque
De verdade, pois que cego não pode
Sentir nem de longe, algo que aproxime
Sua cegueira de sua vontade de ser
Feliz.
Ah, mas o cego não sabe que
Hoje vai achar, em um sinal
"Pare", uma equilibrista,
Que de fato conquista,
E que irá, ao cego uma vez,
Seguir sem que mesmo
Entenda o que lhes unem.
O cego vai achar, em
Sua equilibrista, um tremendo
Antídoto para que descegue
De vez. E a equilibrista, que
Continua, buscando na sua
Vida alguém que lhe enxergue.
Ironicamente, vai ver no cego,
Alguem que sim, faça, de própria
Vontade, sequer um elogio
Que o pobre cego sentirá em sua alma.
Seguem, seguindo, cegos e confusos...