O amor e a crise
O amor entra em crise
Quando se tem crase.
O amor na crise
Não tem acentos agudos
A crise tem muitas exclamações
O amor tem muitas reticências
Que ficam entre vírgulas
Tem amores em interrogações
Em tempos de crise
E amores na crise
Sem ponto final
Crise em negrito
Amores sublinhados
Sempre em formato itálico
Amores em tempo passado
Conjugados errados no presente
Deixando a crise no imperativo
A crise no passado
Pode concordar com o futuro
E o presente confundir-se no particípio
Amor e a crise
Juntos tão separados
Arados pelo coração.
Dois terrenos estranhos
Feito netuno e plutão
Que ardem feito sol
Que se colidem
Restando
Terra.
Onde os adubos
São os homens e mulheres
Até se elevarem ao cubo.
Daniel Pinheiro Lima Couto
03/09/2007