Despertar

Vinte e um de junho.

Vagaroso o dia amanhece

Enquanto a madrugada adormece

Nos braços quentes de um mudo amante

No colo grávido do vento

Estremecendo o frio horizonte.

Convulso vento estremece

O tempo turvo-claro

Confundindo a estação.

O beija-flor beija minha cozinha

Beija o frio verde das plantas

Clorofiladas e exangues

Anunciando que o inverno finda.

Botões e brotinhos esperançosos

Faz um manifesto à primavera

Esculpindo o chão com numerosas folhas.

Meus olhos

Ah, os olhos!

Tragam este doce mágica

E tenta descreve-la

Na minha alma ingênua de poeta mudo.

A sombra, o cheiro do tempo

E o orvalho que respiro e me embriaga

Que neste momento me pertence.

E como cúmplice desse espetáculo da natureza

Abençoado por Deus

Minha pequena Yaçanã,

De olhos cor-de-mel, sorri

Desperta para este momento de magia

Festeja com o beija-flor

Balbucia: “Mamãe!”