Modo

Não sei amá-lo aos poucos

Nem em volume baixo

Não sei amar os seus olhos em preto e branco

Tampouco em gradações acinzentadas

Sou cores desenhadas na pele

Meu olhar é da cor do céu ao entardecer incandescente

Não sei ser inverno

Não sei calar o som da natureza

Ou as notas altas recitando declarações poéticas musicadas dentro de mim

Meu amor é melodia

Trago na pele o aconchego

E na voz

A calma no meio da tempestade

Não sei amá-lo raso

Uma gota não me satisfaz

Sou mergulho profundo

Um mar abundante

Não posso guardar se o amor é partilha

Não posso dosar nem disfarçar o que reflete em meus olhos

Não posso esconder

Se o orgulho por tê-lo ao meu lado reluz

Meu corpo diz

Minhas mãos conversam carinhosamente

Com a delicadeza de cada poro da sua pele

Minha presença te procura

Não sei disfarçar

Não consigo ser estátua quando meu abraço é casa

Meu corpo, refúgio

Meu calor, aconchego

Não consigo amá-lo pela metade

Em pequenas doses

Não consigo ser escassez

Sou um universo inteiro

Não consigo amar sem lembrar dos detalhes

Até aqueles considerados insignificantes

Os momentos mais simples

Eternizados

Amar é ação

Não consigo amá-lo sem entrega irrestrita

Sem sacrifício e entusiasmo

Reciprocidade

Não poderia fazê-lo em vão

Eis o modo colorido

Que salta aos olhos

Que busca abrigo

Que divide

Que constrói

Que é raiz

Que canta debaixo do chuveiro abraçado

Que mergulha nas águas profundas

Que fortalece

Que invade

Que preocupa

Que é empatia

Que é inteiro

Que sente

O meu amor é pulsante

O meu amar é urgente.